|
Derecho y Cambio Social
 |
CRUCIFIXO: F�
VS. RAZ�O
Atahualpa Fernandez*
|
�Delere
Auctorem
Rerum
Ut
Universum
Infinitum
Noscas�
D. DENNETT
De
uma maneira geral, as Constitui��es modernas determinam que
nenhuma confiss�o religiosa ter� car�ter estatal, quer dizer, que
os Estados s�o laicos e que permanecem � margem dos credos,
considerados todos esses por iguais aos efeitos do trato que h�o
de receber. N�o h� um documento semelhante � �lei das leis� no que
se refere �s religi�es, mas, ao menos, as chamadas �do livro�
disp�em de uns textos sagrados aos que seus respectivos devotos
atribuem uma autoria divina.
A
igreja cat�lica disp�e da B�blia e, formando parte dela, de um
Novo Testamento no qual figura, se n�o recordo mal, a recomenda��o
feita por Jesus de �dar a
C�sar o que � de C�sar e a Deus o que pertence a Deus�. Essa
separa��o entre o mundo laico e o religioso foi o fundamento mesmo
da apari��o dos Estados modernos, uma vez que o poder religioso �
acusadamente depois da reforma protestante- decidiu desentender-se
dos assuntos pol�ticos e centrar-se no que forma parte da mensagem
b�blica � ainda que, diga-se de passo, a maioria dos vic�rios do
Senhor continuem a incorrer na denominada contradi��o
�performativa�: �chove, mas n�o creio que chova�; �meu Reino n�o �
deste mundo, mas atuo tal como se fosse�.
Pois bem, o
�ltimo epis�dio relativo � batalha do laicismo contra a religi�o e
seus s�mbolos foi a recente decis�o (caso
Lautsi v. It�lia, de 03/11/2009), por unanimidade, do Tribunal
de Estrasburgo (ou Corte Europ�ia de Direitos Humanos) ao declarar
que a presen�a de crucifixos nas salas de aula constitui uma
restri��o/viola��o �dos direitos dos pais de educar seus filhos
segundo suas convic��es religiosas ou filos�ficas� e do direito
fundamental � �liberdade de cren�a religiosa dos pr�prios alunos�.
Pela primeira vez, em uma decis�o hist�rica, o Tribunal decidiu
sobre a presen�a de s�mbolos religiosos nas escolas. Fundamentada
na Conven��o Europ�ia de Direitos Humanos (1950), a referida
decis�o indica que �a
exibi��o obrigat�ria do s�mbolo de uma determinada
confiss�o (no caso, de crucifixo)
em instala��es utilizadas pelas autoridades p�blicas e
especialmente em salas de aula (...) �
contr�ria ao princ�pio da secularidade, do pluralismo
educacional e dos valores centrais da liberdade e da igual
dignidade de todos�.
Esta decis�o do
Tribunal Europeu de Direitos Humanos provocou - como n�o poderia
deixar de ser - uma profunda indigna��o entre os membros da
comunidade formada por cat�licos apost�licos romanos. N�o aos
crist�os em sua totalidade, porque tamb�m h� crist�os que n�o s�o
apost�licos romanos e n�o consideram que o s�mbolo da cruz seja
seu valor essencial. Tamb�m resulta quase in�til recordar que a
decis�o do tribunal europeu dista muito de ser ofensiva para
aqueles que s�o ateus e n�o tem religi�o, como t�o pouco parece
ultrajante para aqueles que professam outras cren�as religiosas.
O
extraordin�rio desta senten�a destinada a provocar n�o somente
esc�ndalo, sen�o tamb�m debate e enfrentamento, � que
vulnera a fundo a realidade de muitas sociedades � notadamente a
brasileira � que ainda vivem ideol�gica e pusilanimemente � sombra
do poder da Igreja cat�lica.
Visto assim, a decis�o � uma cr�tica profunda ao seu s�mbolo por
excel�ncia, a cruz. Uma simbologia tardia, imposta como identidade
de nossa cultura. Uma cultura de poder e domina��o em que os
cat�licos parecem n�o estar dispostos a renunciar facilmente �
id�ia de que �s�o os gestores exclusivos da religi�o do Estado�.
Mas ao abrir o
livro negro dessa tradi��o nos damos conta de que o catolicismo da
Igreja romana esconde, detr�s de um crucifixo interpretado como
reden��o, uma cultura e uma hist�ria de viol�ncias, intoler�ncias,
barbaridades e conflitos. Em nome da cruz a religi�o cat�lica
fomentou ativamente o assassinato, a aniquila��o e a guerra contra
as pessoas que professavam outra religi�o. No passado, e ainda na
atualidade - e j� n�o mais de forma sutil -, fan�ticos e
fundamentalistas cat�licos seguem pregando a discrimina��o de
comunidades inteiras, ensinando que Deus quer que disseminem sua
sagrada palavra pelo mundo e que, portanto, para a efetiva
consecu��o da �justi�a divina�, � � bom� excluir, eliminar,
destruir, suprimir e discriminar. Essa � a verdadeira mensagem
que, em sua ess�ncia, transmite hoje a Igreja de Roma, comodamente
instalada na riqueza e na usurpa��o espiritual, na intoler�ncia,
na exclus�o sexual e na pedofilia, no palavreado m�stico e na
ret�rica dessorada e vazia de conte�do.
Que os fi�is
crist�os e os sacerdotes busquem em nome da cruz, e no reino de
Deus, impor essa forma de ideologia dominante, discriminat�ria e
excludente � algo que entra em suas prerrogativas inalien�veis.
Mas, em uma dimens�o mais terreal e constitucionalmente laica,
essa prerrogativa tem um limite muito claro: os direitos pr�prios
dos demais (dos avessos � religi�o cat�lica apost�lica romana).
Da� que a presen�a de crucifixos em salas de aula pode representar
um desconforto e um transtorno para os de indiv�duos que professam
outras religi�es e para os ateus, uma forma de �silencioso�
condicionamento de que se serve a religi�o cat�lica para aumentar
seu poder e sua influ�ncia, minando a educa��o com determinadas
cren�as como se fossem verdadeiras e com a inten��o de que os
estudantes as aceitem independentemente das raz�es que possam
existir a favor ou em contra destas e de outras cren�as e/ou
teorias em disputas.
Um indiv�duo
pode crer em Deus. Outro pode sofrer ao pensar na enorme
quantidade de crian�as que ainda vivem em situa��o de extrema
pobreza. Um indiv�duo pode aceitar os ditados da Igreja e
tolerar a pedofilia dos sacerdotes. Outro pode comungar com o
arcebispo de Recife que excomungou a m�e, aos m�dicos, ao
motorista da ambul�ncia e a todos os vinculados com a interrup��o
da gravidez de uma crian�a de nove anos que foi violada e
estuprada por seu padrasto.
Mas
independentemente de nossas posi��es pessoais, seja de acordo com
uma ideologia progressista ou conservadora, de acordo com a
direita ou esquerda, em termos confessionais ou laicos, �
absolutamente necess�rio e indispens�vel reconhecer que em nome
dessa religi�o e desse �s�mbolo� j� se cometeram os crimes mais
inumanos e b�rbaros de que a Hist�ria nos mostra
todo um cat�logo de monstruosos exemplos. E se seguem
cometendo com as proibi��es contra o direito dos homens a
administrar o conhecimento e a liberdade individual e sexual. Se �
essa nossa �heran�a
cultural� segundo declaram os que qualificam de �aberrante� a
decis�o de Estrasburgo, por que n�o falamos do lado escuro e turvo
da cruz como simbologia de poder, domina��o e intoler�ncia?
Qualificar a
senten�a de �errada e m�ope por excluir a religi�o da realidade
educativa�, afirmar que o crucifixo tem �uma fun��o simb�lica
altamente educativa e que sempre foi um sinal de oferta do amor de
Deus e de uni�o e acolhida para toda a humanidade", que a religi�o
constitui um �mecanismo eficaz de inibi��o da viol�ncia, da
corre��o de rumos e da solu��o de desentendimentos�, ou que
�tantos ensinamentos filos�ficos que constam das escrituras
sagradas (...) poderiam ter levado � solu��o pac�fica dos
conflitos e guerras que assolaram a humanidade�, � de um cinismo
atroz e s�dico e/ou de uma ignor�ncia imperdo�vel e irredim�vel.
Tamb�m n�o
faltam os fi�is de plant�o que afirmam que a senten�a �
�ideol�gica�. Que nos falem ent�o da viol�ncia na cultura
hist�rica da Igreja romana apost�lica, das fogueiras contra a
raz�o her�tica que por si s� fez avan�ar � humanidade. Se o que se
pretende defender � sua origem salvadora para todos, ent�o h� que
aceit�-lo e adapt�-lo ao presente, porque ao princ�pio n�o era
mais que um signo para identificar os lugares clandestinos de
ora��o e culto; um s�mbolo tardiamente imposto, que vale por um
ritual de morte, hostil aos demais, �s outras culturas, hist�rias
e religi�es. De fato, a qualquer pessoa dos tempos de Jesus lhe
haveria resultado igual de rid�culo, pat�tico e chocante ver a um
crist�o com uma cruz ao pesco�o ou ajoelhado ante a imagem de um
crucificado.
A decis�o de
Estrasburgo nada mais fez que
(a) afirmar o princ�pio
segundo o qual em uma sociedade livre e aberta as cren�as
fundamentais relativas a compromissos religiosos e axiol�gicos
devem adotar-se de maneira aut�noma e volunt�ria;
(b) recordar que as
normas da moral a que chamamos civilizada pro�bem privilegiar uma
cren�a religiosa em detrimento de outras;
(c) assegurar
o princ�pio segundo o qual nem os pais,
nem as comunidades religiosas t�m direito a solicitar o aux�lio do
Estado para que os ajude a inculcar suas cren�as religiosas
particulares em nossas crian�as, nem t�o pouco para que seus
s�mbolos, costumes e valores se perpetuem atrav�s de seus filhos;
e (d) garantir o
princ�pio segundo o qual em uma sociedade pluralista e
multicultural o Estado tem a obriga��o e responsabilidade
�tico-jur�dica de promover a toler�ncia e o reconhecimento de
valores diferentes, de cren�as religiosas e de cren�as n�o
religiosas.
Qualquer devoto
que insista na defesa de que o Estado deve assumir uma pol�tica
que possa implicar no desprezo da toler�ncia ou no desconhecimento
do pleno, inalien�vel e incondicional direito dos indiv�duos a
assumir por si mesmos cren�as e valores diferentes, � um perigo
para o exerc�cio pleno da liberdade e autonomia cidad�.
Quando uma determinada ideologia religiosa transp�e a
esfera do privado e do pessoal e converte-se, com o benepl�cito do
Estado e como manancial de gra�a santificante, em costume ou
tradi��o obrigat�ria para todos os cidad�os, est� servida a mesa
para a incompreens�o, o fanatismo, a submiss�o e a intromiss�o
arbitr�ria e desp�tica em nossa individualidade.
Dito de outro
modo, se arrancamos o misticismo de seu dogmatismo religioso,
obteremos uma postura humanista, fundada na �criatura� (no ser
humano desenhado
para a coopera��o, o di�logo e a argumenta��o). E a religi�o,
especialmente a cat�lica, �
algo muito distinto. A �nica garantia de uma cont�nua colabora��o
entre os seres humanos � uma boa disposi��o para
modificar nossas id�ias
(e o comportamento resultante)
por meio do di�logo e � luz de novas evid�ncias e
argumentos. Se eu creio no determinismo divino e me conformo com a
infalibilidade papal, ent�o nada do que diga outra pessoa lograr�
persuadir-me, porque me encontro entregado a uma f� que me faz
imune ao poder do di�logo. Em realidade, a sacraliza��o de um
conjunto de normas, costumes e s�mbolos � uma extraordin�ria fonte
de poder e o modo mais eficaz de cortar pela raiz o di�logo, a
liberdade e a autonomia individual.
E a liberdade
consiste precisamente no fato de que o homem � livre quando disp�e
da capacidade de tomar em suas m�os seu pr�prio obrar, suas
convic��es (filos�ficas e religiosas) e seus planos de vida. Somos
n�s que temos que escolher e decidir nosso destino, partindo j� de
uma bagagem inata dada e sob a orienta��o do conhecimento, de
nossa raz�o e de nossas emo��es. A liberdade real nos abre um
amplo campo de possibilidades e objetivos que cada um de n�s deve
por em pr�tica de acordo com seu modo peculiar de ser e suas
circunst�ncias. Eleger livremente nossos planos de vida implica a
libera��o de tudo aquilo que nos escraviza; ser livre � ir
liberando-se pouco a pouco daquelas amarras que n�o permitem ter
um dom�nio ou controle pleno sobre si mesmo. O interesse humano
pela verdadeira liberdade, como valor priorit�rio na ordem dos
valores, vem a converter-se, desde a id�ia da dignidade humana, em
um convite a viver dignamente nossa exist�ncia na constru��o e
elei��o conjunta de alternativas reais e fact�veis que priorizem
nossa inalhe�vel e inata capacidade moral para decidir o que � bom
e o que � mau.
Da� que para existir como indiv�duo separado e aut�nomo
�, pois, e ao menos, necess�ria a garantia plena da liberdade; �
necess�rio n�o ser condicionado e/ou perseguido por interesses ou
cren�as religiosas esp�rias e, principalmente, n�o ser tratado
como um instrumento (uma �ovelha� ou �servo� do Senhor) sen�o como
um fim em si mesmo. A liberdade � o contr�rio da servid�o: � livre
quem n�o pode ser arbitrariamente interferido por outros em seus
planos de vida (n�o somente por parte do pr�prio Estado, sen�o
tamb�m de todos os demais agentes sociais e/ou espirituais).
Esta n�o
interfer�ncia arbitr�ria, caracter�stica de nossas democracias, �
um dos princ�pios fundamentais universais e valor incondicional
que deve ser utilizado de forma inegoci�vel para a garantia dos
direitos constitutivos
do homem no �mbito de sua vontade soberana e que
habilitam publicamente a sua
exist�ncia como in-div�duo livre e aut�nomo. Sobretudo em tema
de educa��o de filhos e de cren�as religiosas, o que realmente
conta, no concernente � liberdade dos pais, � a sua autonomia. E a
autonomia � essencialmente uma quest�o de se somos ativos e n�o
passivos em nossos motivos e elei��es; de se, com independ�ncia de
qualquer dogma religioso, s�o motivos e elei��es que realmente
queremos e que, portanto, n�o nos s�o alheios. Somente aos pais
lhes � dado julgar essas circunst�ncias, e n�o � caterva arrogante
de sacerdotes empenhados em decidir por eles. A educa��o e a
forma��o virtuosa do car�ter � algo demasiado importante como para
deix�-lo � conting�ncia de uma sinistra, retorcida e perniciosa
manipula��o eclesi�stica de determinadas cren�as religiosas.
Assim que, por
todo o dito, resta ainda uma �ltima reflex�o: se a sele��o natural
"apaga" os genes mais prejudiciais e ativa os mais favor�veis, por
que existem os eclesi�sticos? Se atrav�s da evolu��o e da cultura,
o animal humano melhorou a qualidade de sua vida, ampliou o
alcance de sua intelig�ncia e conseguiu dotar-se de uma
consci�ncia �tica que lhe impulsiona a amar a seus semelhantes, a
respeitar suas vidas e suas liberdades, e que lhe reprocha
intimamente, insuportavelmente, suas mis�rias e sua capacidade
para o mal, como � que n�o se desembara�ou dos cl�rigos?
Que fun��o
evolutiva pode ter uma Igreja que, por interm�dio de seus
dissimulados vic�rios e int�rpretes de uns deuses at�vicos,
condenou aqueles que se
arriscaram a pensar por sua conta e a viver de acordo com sua
natureza e cren�as; acendeu fogueiras e queimou hereges e bruxas;
se manteve omissa e tolerante com as selvajarias perpetradas por
Hitler e por Mussolini; fomenta a intoler�ncia, a discrimina��o e
se mostra inimiga da verdade; atua como freio ao crescimento moral
e human�stico; encarni�a a autonomia individual; amorda�a a
palavra e condena a liberdade da alma ao fogo eterno do inferno;
prega a homofobia e a misoginia; reprime as demais religi�es donde
manda e exige liberdade de culto donde
n�o manda;...?
Por que
sobrevivem seres que desafiam toda a moral e s�o capazes de
enganar a sabendas aos mais d�beis e desvalidos dos humanos
dizendo-lhes que os preservativos podem aumentar o risco de
contrair AIDS? Por que persistem seres que enganam aos demais
atribuindo vida a s�mbolos/objetos inanimados e inventando
dem�nios e deuses em que temos que crer, adorar, dar vida pr�pria
e independente, e atribuir controle e poder sobre n�s mesmos, seus
�nicos criadores? Suponho que somente desde Darwin
� poss�vel explicar-se a exist�ncia de tais criaturas:
provavelmente devem ser vest�gios, um �res�duo evolutivo�, de
nossos antepassados os r�pteis.
Portanto, e
aqui termino, o que devemos tratar de fazer � simplesmente ignorar
os discursos que insistem em questionar a justi�a da decis�o da
Corte de Direitos Humanos, desde suas intransigentes posi��es
aferradas � f� e com os caprichos que lhes atribui os s�mbolos e
as disparatadas mitologias predicadas pela religi�o cat�lica. E,
na mesma medida, tratar de apartar de uma vez por todas o
irracional, o transcendente, o inadmiss�vel, o inveross�mil e o
indemonstr�vel (precisamente porque � indemonstr�vel) e deixar que
a realidade formativa da escola volte a ser um espa�o criativo,
livre de religi�es, incapaz de impor a ningu�m as obriga��es
opressivas que dimanam dos valores alheios, ferinamente coloridos
com a promessa, moralmente repugnante, de al�vio ao sofrimento, de
resignada aceita��o da mis�ria humana e salva��o eterna.
NOTAS:
�A Puta de Babil�nia�, como chamavam os albigenses �
Igreja de Roma segundo a express�o do alucinado Livro que
escreveu S�o Jo�o na Ilha de Patmos aos 100 anos, o
Apocalipse: �Vem, mostrar-te-ei a condena��o da grande
prostituta que est� assentada sobre muitas �guas, com a
qual se prostitu�ram os reis da terra; e os que habitam na
terra se embebedaram com o vinho da sua prostitui��o.
A mulher
estava vestida de p�rpura e de escarlata, adornada com
ouro, e pedras preciosas, e p�rolas, e tinha na m�o um
c�lice de ouro cheio das abomina��es e da imund�cia da sua
prostitui��o.
E, na sua testa, estava escrito o nome: A GRANDE
BABIL�NIA, A M�E DAS PROSTITUI��ES E ABOMINA��ES DA TERRA�
(17:1-5). (Fernando Vallejo, 1008).
As duas primeiras cita��es s�o manifesta��es de leg�timos
representantes da Santa S�; as duas �ltimas, do jurista e
deputado estadual Fernando Capez.
Ao usar o termo �desenho� n�o me refiro a qualquer tipo de
postura �criacionista� ou de �desenho inteligente�, sen�o,
e sempre, a algo desenhado pela sele��o natural. De fato, as coisas viventes n�o
est�o desenhadas, embora a sele��o natural darwinista
autorize para elas uma vers�o da postura de desenho, isto
�, de que � perfeitamente poss�vel traduzir a postura de
desenho aos termos darwinistas adequados (Dawkins, 2007;
Dennett, 1987).
Quem melhor que ningu�m soube expressar essa mescla de
defesa radical da liberdade de pensamento e toler�ncia.
Disse Charles
Darwin em uma de suas cartas:
�Aunque soy un
fuerte defensor de la libertad de pensamiento en todos los
�mbitos, soy de la opini�n, sin embargo �equivocadamente o
no�, que los argumentos esgrimidos directamente contra el
cristianismo y la existencia de Dios apenas tienen impacto
en la gente; es mejor promover la libertad de pensamiento
mediante la iluminaci�n paulatina de la mentalidad popular
que se desprende de los adelantos cient�ficos. Es por ello
que siempre me he fijado como objetivo evitar escribir
sobre la religi�n limit�ndome a la ciencia�.
P�s-doutor em Teor�a Social, �tica
y Economia pela Universidade Pompeu Fabra; Doutor em Filosof�a Jur�dica,
Moral y Pol�tica pela Universidade de Barcelona;
Mestre em Ci�ncias
Jur�dico-civil�sticas pela
Universidade de Coimbra; P�s-doutorado e
Research Scholar do Center for Evolutionary
Psychology da University of California/Santa Barbara;Research
Scholar da Faculty of Law/CAU-
Christian-Albrechts-Universit�t zu Kiel-Alemanha;Especialista em Direito P�blico pela UFPa.; Professor Colaborador
Honor�fico (Livre Docente) e Investigador da
Universitat de les Illes Balears/Espanha (Etologia,
Cognici�n y Evoluci�n Humana / Laborat�rio de
Sistem�tica Humana/ Evocog. Grupo de Cognici�n y
Evoluci�n humana/Unidad Asociada al IFISC
(CSIC-UIB)/Instituto de F�sica Interdisciplinar y
Sistemas Complejos/UIB; Membro do Minist�rio P�blico
da Uni�o /MPT (aposentado); Advogado.
[email protected]
|
|